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Discurso celebração do 25 de Abril na UFALCD- Rita Reis

UM 25 DE ABRIL DIFERENTE

Gilles Deleuze, eminente filósofo francês (1925-1995) disse um dia que “a ética é estarmos à altura do que nos acontece”. Foi talvez com este pensamento, dir-se-ia até objetivo, que um grupo alargado de militares bem preparados decidiu em 1974 que estava na hora de uma mudança profunda. E estava mesmo. O regime demonstrava há já largos anos que estava podre, que nem por dentro poderia ser modificado. Na sociedade havia uma ânsia enorme por uma transformação, havia uma vontade férrea de afastar do poder quem nos (des)governava. Os militares já não escondiam que a chamada guerra colonial não podia durar muito mais, não só porque isso originava muitas perdas nos seus camaradas de armas, mas também porque a continuação de uma luta armada sem resultados práticos impedia outros povos de escolherem livre e conscientemente o seu destino. Afinal, havia uma guerra que não permitia a liberdade e a democracia, essas palavras mágicas que andam e estão sempre juntas.

Nesta data em que passam 49 anos de um dia memorável, valerá a pena olhar para tantos dias e analisarmos o que, enquanto nação valente e imortal, conseguimos fazer. Em primeiro lugar, devemos pensar que os tais militares conseguiram de um modo gentil que o regime fosse abanado e abalado. Tiveram um comportamento exemplar e não quiseram protagonizar nem prestígio nem fama, unicamente desejaram mostrar ao tempo que era tempo de mudar. Hoje são reconhecidos como heróis e homens ilustres da história.

E o que somos nos dias atuais? Mudámos muito, fomos trilhando o caminho de algum desenvolvimento que até nem foi difícil porque até àquela data não passávamos de um país muito pobre, com enormes assimetrias, com gritantes desigualdades e carências, com diferenças terríveis entre classes sociais.

A nossa adesão e integração no pelotão europeu permitiu ter acesso a outros conceitos de vida, a mudanças estruturais e estruturantes na nossa organização social e económica, abriu-nos os olhos a outros níveis de desenvolvimento, permitiu alcandorar-nos a patamares mais exigentes de planificação coletiva. Mas no meio deste turbilhão de emoções que só o 25 de Abril trouxe, continuamos com altos índices de corrupção na sociedade, continuamos com uma mentalidade muitas vezes doentia, porque achamos que todos os outros têm de ser iguais a nós, continuamos a não ter respeito pela individualidade dos outros, nem demonstramos em muitos dos nossos comportamentos que também pensamos nas pessoas diferentes e que não cultivamos o gosto pela diversidade.

Quando ouvimos “25 DE ABRIL SEMPRE” teremos mesmo de ser levados a concordar. Mas este “slogan” não pode nem deve ser exclusivo ou apanágio de uma esquerda retrógrada, anquilosada, anacrónica, atrasada e obsoleta. E estes são os adjetivos que melhor definem o seu comportamento ao longo dos anos. Logo naquele dia seguinte, a 26 de Abril, vimos a colagem desses grupelhos a uma aspiração que ultrapassa ideologias. E mais admirados ficamos (ou não) quando essa mesma esquerda (com mais ou menos caviar) apregoa a liberdade quando é, ela mesma, defensora de regimes totalitários e onde a tal “liberdade” que existia era a de que ninguém poderia pensar de maneira diferente. O pensamento era único, mas as benesses, privilégios e mordomias das suas corjas dirigentes eram múltiplas. E a este propósito, basta só premir o botão da história e ouvir o que os povos checo, alemão oriental, búlgaro, romeno, jugoslavo, polaco, húngaro, entre outros, nos têm para dizer e ensinar.

Enquanto este já longo período de liberdade não originar melhorias substanciais em áreas como a educação, a saúde, a justiça, a segurança, a economia e outras, enquanto alguns entenderem que Estado e mais Estado há-de contribuir para sermos melhores em vários domínios, poderemos afirmar com toda a propriedade que os ideais altruístas daquele grupo de militares não se encontrarão cumpridos. Mas isso também só poderá acontecer quando a governação do país for assumida sem ao populismos carinhosos de esquerda ou de direita e deixar de estar entregue a “partidos-lapa” (os que estão sempre arreigados e pegadinhos ao poder) ou enquanto formos governados por pessoas que num dia estão mais à esquerda (porque dá jeito, é conveniente e conseguem o poder, mesmo perdendo eleições) ou mais à direita (porque também dá jeito e é conveniente).

Vivemos tempos difíceis e conturbados uma vez que muitos adoram e procuram impingir os seus “princípios educacionais revolucionários”, mas há partidos com um crescimento sustentável, de um espetro político totalmente oposto da tal esquerda mais ou menos burguesa ou mais ou menos proletária, que não se acanham em manifestar o seu apoio a uma liberdade que afinal lhes permitiu apresentar outras ideias e outros ideais. É a democracia a funcionar numa sociedade pluralista. E ainda bem, fazem falta numa sociedade minimamente organizada porque são uma lufada de ar fresco, dando ao povo a imagem de que a liberdade conquistada é para todos independentemente das ideias.

Já muito se falou sobre o 25 DE ABRIL. Historiadores dos mais variados quadrantes políticos já transmitiram a sua visão de tudo aquilo que vivemos e fomos vivendo. A história é uma sucessão rica de acontecimentos. E esses mesmos acontecimentos (ocorrências, episódios ou circunstâncias) permitem e possibilitam ter uma noção real da mesma história. Ela é, realmente, um conjunto de ideias pensadas e decisões tomadas pelos intervenientes em que se conseguem manter as memórias e as recordações como testemunhas vivas do passado.

A terminar este texto importa ter presente que a diversidade de opinião e a tolerância são absolutamente indispensáveis. Mas o que já não faz falta é todo aquele tipo de comemorações oficiais que já cheiram a mofo, porque se pede continuamente esperança ao povo e que não haja desalento no futuro. Estes são chavões que há muito deixaram de fazer sentido e de galvanizar os portugueses.

A liberdade é e será sempre um bem supremo, que não pode nem deve ser esquecido ou escamoteado. Aquilo que se conquistou há já 49 anos representa uma conduta irrepreensível para que consigamos manter a nossa dignidade sem prejudicar a liberdade dos outros. Afinal, os homens que a souberam conquistar farão tudo para preservar dois princípios fundamentais: essa liberdade e a democracia.

Marina Pereira

Marina Pereira

Nº 3

Assembleia Municipal de Oeiras

Com formação em Matemática, Estatística, Actuariado e Gestão de Riscos Financeiros, trabalhei vários anos numa multinacional seguradora do ramo vida, onde dirigi a área técnica. Há 20 anos optei por sair para desenvolver o meu próprio negócio com uma pequena empresa agrícola e poder abrandar o ritmo de vida Agora com 58 anos e um filho de 14, proponho-me abraçar o desafio da política a nível local e integrando as listas de candidatura da freguesia e do concelho em que resido onde procuro colaborar para mudar algumas das coisas que critico ou repudio nessas estruturas, pela sua falta de visão, voluntarismo e eficiência. Espero, se for eleita, poder colaborar com os restantes eleitos para implementar uma prática mais transparente, esclarecendo os munícipes sobre as escolhas disponíveis em cada situação e qual a que irá ser a opção implementada, porque motivos e com que custo

Bruno Mourão Martins

Nº 1

Executivo Municipal

Anabela Brito

Anabela Brito

Nº 1

Assembleia Municipal

Membro da Assembleia Municipal

Sempre viveu no Concelho de Oeiras mais propriamente em Paço de Arcos.

Licenciada em História com frequência de Direito, concluiu uma especialização em Fiscalidade no ISCTE.

Frequentou o Curso de Relações Internacionais de preparação para a carreira diplomática e obteve formação ao nível da Gestão de Empresas.

Iniciou a sua carreira no sector do turismo tendo passado pela aviação e expo 98.

Foi docente e atualmente é empresária no ramo imobiliário.

Integra o Grupo de Coordenação Local do NT de Oeiras.

Substituiu Mariana Leitão na Assembleia Municipal de Oeiras em Janeiro de 2024